quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

caminhando com a lembrança

A lembrança me pegou pelo braço hoje, saiu correndo pelo meu campo de memória, passando as mãos nos meus lindos pés de ipês, girassóis, jasmins e todas a minhas outras folhas, como se estivesse acariciando uma superfície macia feito veludo, brincando, esquecendo que ainda existe dor. Mais essa sensação foi logo se perdendo, a gente parou e sentou próximo ao meu jardim onde ficava as lembranças das minhas paixões, lembranças dos amores que tive ate hoje.
Ficamos sentadas, paradas ali por um bom tempo, ate que a lembrança abriu uma rosa vermelha, grande. Diferente de toadas as rosas vermelhas que já vi ate hoje, suas pétalas era tão macias, exalavão um cheiro de estileto. Dentro dessa rosa estava guardada a imagem do dia em que a gente se conheceu. Eu peguei uma outra rosa, dentro dela tinha guardado o dia que a gente se envolveu pela primeira vez, os risos de vergonha, a mão no rosto tentando esconder a vergonha do que ainda era novo. A lembrança mais precisa do que eu, abriu uma rosa com a imagem da primeira noite que você veio dormir no meu quarto. Foi o dia que eu vi e descobrir que estava definitivamente apaixonada por você...
Saímos dali andando devagar, olhando cada flor, cada campo aberto com milhares de centenas de flores verdes, rosas, vermelhas, azuis, brancas e amarelas, que estavam esbanjando a sua beleza numa tarde de sol. Sem querer esbarrei na rosa que tinha a imagem do dia que  fizemos 1 mês, o dia que eu  simplesmente te deixei surpreso. Olhei pra lembrança que estava ao meu lado e continuei a caminhar devagar entre as mesmas rosas vermelhas que exalavam aquele cheiro de estileto, tão forte, que parecia estar correndo nas minhas veias feito o sangue que meu coração bombeava dentro de mim cada vez mais rápido. Cada vez mais forte.
A lembrança olhou pra mim, segurou em meu braço deixando a mão escorregar até se entrelaçar com a minha, crusandos os dedos uns nos outros. Sem desviar seu olhar do meu, com a outra mão, pegou uma rosa e me mostrou a imagem que estava guardada dentro dela. A imagem da primeira vez que eu te disse 'Te amo', as lágrimas começaram a escorrer uma a uma pelo meu rosto, as pernas, as mãos o corpo começou a tremer, ondas  de arrepio começaram á percorrer minhas veias. Revi toda a cena daquela noite diante dos meus olhos embaçados e inundados de tanta lágrima, como se estivesse acontecendo naquele exato momento, sem nenhuma vírgula, sem nenhum ponto.
- Lembrança, porque tudo isso, não acha que já está doendo o suficiente?!
- Você precisa ver, ver e rever essas cenas.
- Porque? Dói tanto, mais tanto ver tudo isso, que meu coração parece que tem uma ferida, que não para                      de latejar,tão grande que parece que nunca vai se curar.
- Não se preocupe, essa dor vai passar.
- Vai passar como, se eu estou estou vendo, revendo e revivendo tudo isso?!
- Você acha que um desabafo acontece como?! Você ver, ver e rever tudo o que passou na sua mente,   junto com as palavras que escapam pela sua boca, e depois você simplemente chora, deixando que cada lágrima siga o caminho que tem que seguir. Caindo em seu peito, causando  dor e limpando sua alma, tirando cada nó que se encontra preso na sua garganta.
(silêncio)
- Eu não aguento mais, dói muito. Eu quero sair daqui. Não quero mais caminhar e nem lembrar de  mais nada.
- Calma, você ainda não viu tudo. Não posso deixar que você saia, sem antes ver tudo o que você tem que ver aqui hoje.
Continuamos a andar, a lembrança não soltou minha mão, apertou ainda mais, começamos a andar por entre uma roseira enorme e cheia de espinhos, que estavam me machucando de tão afiados que eram. Aquando saímos docaminho que pessava pela roseira, fui olhar os arranhões que estavam espalhados pelo meu corpo, e me dei conta que não eram simples arranhões. Eram arranhões profundos. Que não paravam de sangrar. Não paravam de doer.
- Porque passamos por essa roseira lembrança, você não sabia que os espinhos iriam me machucar?
- Era o melhor caminho a seguir. Por acaso você sabia que iria se machucar?
Continuamos caminhando, até que passamos entre umas árvores lindas e bem grandes, eram videiras. As árvores que representavam as minhas fortalezas, não entendi porque passamos entre elas, mais também não quis perguntar. Só reparei que metade dos meus arranhões tinham se fechado, parado de doer e de sangrar. A nossa caminhada parecia interminavel, até que a lembrança pegou uma nuvem e á jogou em minha direção, ao passar por mim, vi que dentro da nuvem passava as imagens do dia em que você meu a aliança de de compromisso, dizendo que não queria que saísse da sua vida. Mais suas palavras foram como a nuvem que passou pelo meu rosto, lindas, brancas, nem fria, nem quente. O suficiente pra me fazer querer sentir tudo denovo.
A caminhada continuou, dessa vez mais lenta do antes. De repente começou a cair uma chuva fina, percebi que estavamos chegando finalmente ao fim. Passou uma nuvem cinza pelo céu e nela passava a cena que não sai da minha cabeça. Você simplemente andando, indo embora acompanhado e me deixando ali, com uma mentira. 'Estou indo pra casa'. Eu estava entre amigos, mais me senti entrando em um buraco escuro onde eu não enxergava a o fim, mais desejando que dentro dele tivesse algo que em um suspiro me fizesse parar de respirar. Ao rever aquilo tudo, eu não sabia mais o que era lágrima e o que era chuva. fui me abaixando até tocar o chão e me sentar. Comecei a chorar desesperadamente, no céu as nuvens me mostrava as coisas mais lindas que você me falava, nas rosas vermelhas passavam as cenas das vezes que eu disse 'Te amo' e as cenas das vezes que você me falou o mesmo. A roseira cheia de espinhos pontiagudos, começou a se retorcer, e seus espinhos começaram a pulsar. A lembrança ainda não tinha soltado a minha mão. A gaixou ao meu lado. Apertou meus dedos contra dos seus. Sussurrou  em meu ouvido, deixando as palavras saírem  em um tom suave, delicado, bento de lágrimas, deixando os lábios soltarem  dois dizeres.
- Vai passar.
- Quando isso vai passar lembrança?
- No dia você vai saber.
- Porque eu tive que  passar por tudo isso hoje, eu merecia?
- Você não merecia. Mais pra que amanhã, depois de amanhã, ou depois de depois de amanhã, você não precise passar por tudo isso denovo.
- Mais eu não iria esquecer isso, ia ta aqui, eu ia me lembrar de vez enquando.
- Não. Você ia passar uma borracha na metade das coisas que você viu aqui, principalmente na roseira cheia de espinho. Você precisa aprender que não se apaga as coisas assim, nem tudo é escrito a lápis, que deve se apagar facilmente.
- Eu sei, mais ainda dói.
- Eu sei. Vai passar! Toda chuva passa.
- Eu sei, você já me falou que vai passar, mais não é tão fácil assim. Vou ficar igual aquela roseira cheia de espinhos, pronta pra machucar todos os que chegarem perto de mim.
- Tem certeza disso?
- Hoje sim, não quero me machucar novamente.
- Mais ninguém aprende a andar de bicicleta, sem cair pelo menos uma vez.
- Mais eu não vou conseguir amar mais ninguém lembrança.
- Vai sim!
- Como você tem tanta certeza?
- Porque eu sei que seu amor é como o sol, saber renascer.
A lembrança não soltou minha mão, mais continuamos sentadas ali. O tempo melhorou, e quando reparei ao meu redor, estávamos sentadas em um cais, vendo o sol se pôr com as primeiras cores da noite surgindo no céu.